Rainha do Oeste
Em 1481 morreu o Rei D. Afonso V, subindo ao trono, pela segunda vez, o seu filho D. João II. D. João II casou com Dona Leonor de Avis, dez anos antes, em 1471 e era hábito as rainhas de Portugal receberem a Vila de Óbidos como dote, ou seja, um senhorio que garantia à rainha receber impostos daquela terra. Numa das viagens até Óbidos, a Rainha Dona Leonor viu algumas pessoas a banharem-se em algumas poças de água quente a alguns quilómetros de Óbidos. D. Leonor foi informada que as pessoas acreditavam que aquelas águas eram milagrosas e que curavam doenças. Acontece que a Rainha tinha uma doença da qual padecia há já algum tempo e nenhum tratamento aconselhado pelos padres da corte se mostrava eficaz, assim a Rainha decidiu experimentar as águas santas. D. Leonor ficou curada da sua doença e tomou a decisão de mandar construir um hospital para tratar as pessoas com aquelas águas. Com a construção do Hospital e da sua capela, a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, algumas pessoas começaram a fixar-se na zona que ficou inicialmente conhecida como Caldas de Óbidos.
No entanto o povoado continuou a crescer e em 1512, o Rei D. Manuel, primo e sucessor de D. João II e irmão da Rainha Dona Leonor concedeu às Caldas da Rainha a sua carta de Foral passando assim a ser uma vila autónoma e impulsionando o seu rápido crescimento.
Com o passar dos anos a Vila das Caldas da Rainha foi-se tornando um centro cosmopolita, onde todos vinham para procurar tratamentos nas termas. Reis, rainhas, nobres, intelectuais todos passavam por aqui, sendo mesmo construído um palácio real nas traseiras do hospital, pertinho da mata que havia sido plantada para proteger as águas da região.
Em 1821, a Vila das Caldas da Rainha foi elevada a sede de Concelho, crescendo assim a sua importância sobre toda a área circundante, duma área que vai desde os termos de Óbidos, até ao Coto do Mosteiro de Alcobaça.
Aqui nasceram vários vultos da cultura portuguesa como o pintor José Malhoa, ou Raul Proença, outros passaram por aqui como Ramalho Ortigão e outros ainda fizeram das Caldas da Rainha a sua casa como Rafael Bordalo Pinheiro, ceramista que criou, entre outros, o Zé Povinho e que escolheu o traje das Caldas como a roupa desse grande representante do povo português.
A 26 de agosto de 1927, o Presidente da República, o General Carmona, elevou por sua decisão as Caldas da Rainha a Cidade e aqui o impulso de crescimento tornou-se determinantemente maior.
Hoje o nosso elemento fundador, o Hospital Termal foi restaurado e está em funcionamento, com o belíssimo parque D. Carlos que tanto diz a todos os caldenses, numa cidade que tem em todo o Concelho mais de 50.000 habitantes, bem distante do pequeno povoado que se formou, no final do século XV, no tempo da Rainha Dona Leonor. Estando inserida no distrito de Leiria, na sub-região do Oeste e que é, sem sombra de dúvida, apenas e só a minha amada cidade, Caldas da Rainha – A Rainha do Oeste.
António Manuel Guimarães